Em artigo anterior, falamos como reduzir entre 4% e 64% seu custo com calibração determinando de forma correta a periodicidade da calibração. Neste artigo vamos mostrar como determinar a periodicidade utilizando duas ferramentas. Lembrando que, a determinação da periodicidade de calibração tem muito mais que somente a aplicação das duas ferramentas apresentadas neste artigo.
Ainda é muito comum a determinação da periodicidade da calibração sem a avaliação do comportamento dos instrumento de medição ao longo do tempo, ou seja, após a calibração o certificado de calibração é “analisado” e verificado se o mesmo atende ao critério de aceitação. Se estiver ok, a próxima calibração será em “x” tempo sendo definido normalmente, em 12 meses mas, ninguém sabe informar com exatidão o porque da determinação em 12 meses.
Vamos colocar dois pontos:
- A calibração é o retrato das características metrológicas do instrumento no momento da calibração, ou seja, qualquer mau uso do instrumento ou desgaste ao longo do tempo não é garantia que o instrumento ainda permanece com as mesmas características metrológicas. Em suma. Calibração valida passado e não futuro;
- Como as características metrológicas variam ao longo do tempo, o que garante que o instrumento, mesmo que utilizado de forma correta, não terá suas características metrológicas alteradas antes da data da próxima calibração e consequentemente, irá colocar em dúvida as medições realizadas e se o produto liberado esta ou não, em conformidade.
Com isso, podemos afirmar que a determinação da periodicidade de calibração tem início na análise crítica do certificado de calibração e que esta muito longe de ser somente, a verificação se o instrumento atende ou não, ao critério de aceitação.
Então vamos lá.
Quando falamos em determinação da periodicidade de calibração temos dois momentos sendo o primeiro na aquisição do instrumento de medição e o segundo, a partir da segunda calibração.
1. Na aquisição do instrumento de medição.
Importante ressaltar que, neste momento, a calibração serve para confirmar as características metrológicas do instrumento em função de normas ou descrição técnica do mesmo devendo a periodicidade ser a menor possível.
2. A partir da segunda calibração.
A partir deste momento passamos a determinar a periodicidade de calibração com a aplicação de suas ferramentas.
a. Método de Schumacher.
Neste método os instrumentos são classificados conforme as condições em que se encontram, levando-se em consideração o histórico de conformidade do instrumento. Após a calibração dos instrumentos, classificamos os mesmos considerando:
- A (Avaria): designa problema que possa prejudicar um ou mais parâmetros do instrumento. Como exemplo, as reclamações de usuários e tolerâncias;
-
C (Conforme): designa conformidade comprovada durante a revalidação;
- F (Fora de tolerância – Não conforme): o instrumento funciona bem, mas fora da tolerância especificada.
Condições no recebimento.
Ciclos anteriores | A | F | C |
---|---|---|---|
CCC | P | D | E |
NCC | P | D | E |
ACC | P | D | P |
CA | M | M | P |
NC | P | M | P |
NA | M | M | P |
AC | P | D | P |
AA | M | M | P |
Acima exemplificamos os casos com pelo menos dois ciclos de medição e com base no desempenho das duas ou três últimas calibrações temos:
- E (aumentar): indica que a duração deve ser aumentada;
- D (diminuir): indica que a duração deve ser diminuída;
- M (máxima redução): indica a redução até a duração mínima;
- P (permanece): indica a permanência da periodicidade de calibração;
- N (novo): indica novo ciclo de periodicidade de calibração.
Intervalo atual (dias) | Aumentar (dias) | Reduzir (dias) | Máxima redução (dias) |
---|---|---|---|
35 | 49 | 28 | 28 |
70 | 91 | 63 | 42 |
105 | 126 | 98 | 63 |
140 | 168 | 126 | 91 |
175 | 203 | 161 | 112 |
210 | 245 | 189 | 140 |
Vamos um a exemplo:
Suponha-se que um instrumento é calibrado com periodicidade de 175 dias e foi evidenciado que nos ciclos anteriores e na calibração atual, o instrumento esta conforme. Com a aplicação do Método de Schumacher, a periodicidade de calibração poderá ser aumentada para 203 dias.
b. Análise de Tendência.
A análise de tendência, consiste na análise pontual dos resultados apresentados pelo instrumento de medição ao longo do tempo devendo a incerteza de medição ser considerada.
Exemplificamos abaixo um gráfico de tendência.
Conclusão.
Após determinar a periodicidade de calibração com a utilização do Método de Schumacher é necessário sua confirmação através da previsibilidade utilizando a Análise de Tendência.
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